sábado, 2 de abril de 2011

PREVENIR AS ÚLCERAS DE PRESSÃO


Os profissionais de saúde e cuidadores informais (familiares, amigos, vizinhos), devem estar despertos para o risco de formação de Úlceras de Pressão (UP), especialmente ao cuidar de pessoas acamadas ou com dificuldades de mobilização. Nesta Nota damos especial atenção à prevenção das mesmas, no entanto quando as UP tendem a evoluir para escaras (feridas abertas) é necessário que os cuidadores procurem a ajuda de um profissional de saúde, evitando deste modo situações mais graves.

Pensamos que para abordar esta temática seria útil fazer uma breve revisão sobre UP. Estas surgem fácil e frequentemente em pessoas com fraca mobilidade e podem ser definidas como lesões na pele causadas pela interrupção ou diminuição do aporte sanguíneo a uma determinada área do corpo. Desenvolvem-se devido a uma pressão aumentada, exercida num período de tempo prolongado. Também são conhecidas como úlceras de decúbito, escaras ou escaras de decúbito.

Pressão exercida na região de uma proeminência óssea.
O local mais frequente para o seu desenvolvimento é na região sacra, cóxis, calcâneos (calcanhares), nádegas, trocânteres (zona superior da coxa), cotovelos, ombros, orelhas, região occipital (nuca) e tronco, pois nestas zonas pode existir compressão  continuada entre uma proeminência óssea e uma superfície mais dura (colchão, cadeira, almofada), o que vai causar a lesão dos tecidos.
Principais pontos de pressão.
São vários os factores que podem aumentar o risco para o desenvolvimento das UP como: imobilidade, pressões prolongadas, fricção, traumatismos, idade avançada, desnutrição, desidratação, incontinência urinária e fecal, infecção, deficiências vitamínicas, hipertensão arterial, humidade excessiva da pele e edemas.

PREVENÇÃO DAS ÚLCERAS DE PRESSÃO

Alívio da pressão (medida de prevenção mais importante)
• Estabelecer um esquema de mudança frequente de posição (idealmente de 2 em 2 horas). 
• Usar almofadas de apoio, por exemplo entre os joelhos ou na zona antrerior ao calcanhar, de forma a evitar pressão prolongada nessas zonas (ver figura)
• Não voltar a exercer pressão sobre a zona enquanto pele se encontrar ruborizada ou lesionada.
• Usar colchões e almofadas de ar ou gel, carneiras de lã ou outros materiais para proteger proeminências ósseas de se tocarem entre si ou entre superfícies duras (entre os joelhos, entre os calcanhares e o colchão, etc).
Encorajar doente a levantar-se da cama para o cadeirão, (pelo seu próprio pé se possível), mesmo que por poucas horas.
 Incentivar o doente a deambular ou fazer pequenas percursos a pé (andar até à cozinha ou ao wc) pois preserva o tónus muscular, melhora a circulação e sobretudo alivia a pressão contínua nas áreas de maior risco.
Colocação correcta de almofadas para evitar zonas de pressão
Evitar fricção
•  lençóis devem estar limpos e bem esticado, sem rugas nem restos de comida.
• A roupa da cama deve ser em algodão.
• Usar técnica correcta para voltar, posicionar e transferir o doente (deve utilizar-se a técnica do resguardo para movimentar o doente no leito. Enrolando as partes laterais do resguardo da cama procede-se primeiro à movimentação do doente para um dos lados da cama e posteriormente lateraliza-se. O ideal é que este procedimento seja efectuado por duas pessoas. Na impossibilidade de assim ser poderá ser feito por uma pessoa só afastando ligeiramente as pernas e com as costas direitas fará a força com os braços em extensão).
Técnica correcta para posicionar doente no leito.

Cuidados gerais da pele
• Manter pele limpa e seca.
• Usar agentes de limpeza suaves.
• Evitar água demasiado quente e fricção excessiva.
• Usar emoliente/creme hidratante com função de barreira sempre após os cuidados de higiene.
• Não massajar a pele sobre as proeminências ósseas (calcanhares, tornozelos, cotovelos, cóxis, etc).

Controlo do esvaziamento vesical/intestinal
• Limpar pele logo após evacuação ou micção.
• Evitar que a pele fique molhada ou em contacto com fezes ou urina.
• Quando não for possível a limpeza imediata após evacuação, aplicar agentes hidratantes barreira (por exemplo cremes à base de Vitamina A) e fraldas altamente absorventes.

Suporte nutricional
• Quando necessário fornecer suplementação proteica (aumentar a dose de carne e peixe - 1,25g a 1,5g por Kg de peso/dia)

Nota: Em caso de persistência ou agravamento das UP, os cuidadores informais devem consultar rapidamente um profissional de saúde (médico ou enfermeiro), pois a evolução das mesmas podem trazer consequências graves.

Termino relembrando a todos os cuidadores que o acto de CUIDAR, não implica apenas conhecimentos e procedimentos técnicos, CUIDAR exige paciência, tolerância, amor, comunicação, respeito e partilha.

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