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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE

  •        AS MUDANÇAS FÍSICAS RELACIONADAS COM A SEXUALIDADE
Falar ou vivenciar a sexualidade, faz-nos repensar alguns conceitos sobre a componente física dos homens e das mulheres. Sabemos que há medida que os anos avançam, o corpo físico vai sofrendo algumas alterações características do envelhecimento. Essas alterações são diferentes no homem e na mulher. No homem ocorre a andropausa e na mulher a menopausa.
A andropausa corresponde a um período da vida do homem em que alguns apresentam sintomas decorrentes da diminuição dos níveis de testoterona (hormona masculina). Alguns dos sintomas mais comuns são:
·         Diminuição do desejo sexual (apetência, fantasia);
·         Diminuição da frequência da actividade sexual;
·         Dificuldades/disfunção eréctil;
·         Alterações da resposta ejaculatória;
·         Alterações do orgasmo;
·         Detumescência mais rápida;
·         Aumento significativo do período refractário.
Todas estas alterações fisiológicas, levam muitos homens a procurar fármacos adjuvantes do desempenho sexual. Este comportamento pode ter benefícios, como o aumento da auto-estima, no entanto pode também acarretar consequências para a saúde, caso sejam usados sem a vigilância dos profissionais de saúde.

A menopausa é um processo natural, caracterizado pela paragem definitiva da menstruação, resultante da perda de actividade do ovário. As manifestações menopáusicas provocam as seguintes alterações sexuais na mulher:
·         Alterações morfológicas vaginais;
·         Diminuição do desejo sexual;
·         Diminuição da frequência da actividade sexual;
·         Dificuldades de excitação;
·         Lubrificação vaginal deficitária;
·         Dor durante o acto sexual;
·         Resposta orgásmica mais tardia;
·         Orgasmos menos intensos e com menor número de contracções;
·         Eventual perda da capacidade multi-orgásmica.
Apesar de todas as implicações que estas modificações físicas têm, aos mais velhos deve ser dado o direito de compreender e assumir com toda a dignidade as mudanças corporais, munindo-se de novos recursos e estratégias mantendo sempre presente que em qualquer fase da vida está implícita a possibilidade de uma vivência sexual satisfatória e prazerosa.  

  • OS IDOSOS, A SEXUALIDADE E AS DOENÇAS
 Algumas doenças decorrentes principalmente da idade podem intervir na sexualidade. Contudo, tais limitações não impossibilitam o exercício da sexualidade, a não ser que  a pessoa assim o deseje, uma vez que a sexualidade vai muito para além do acto sexual.
Algumas das doenças que podem ser condicionantes são patologias osteo-articulares; doenças cardiovasculares; doenças neuro-degenerativas; baixa dos níveis hormonais; diabetes; obesidade; dores crónicas; neoplasias; incontinência urinária; doenças sexualmente transmissíveis; hábitos alcoólicos, entre outros. Também alguns medicamentos podem interferir negativamente na vida sexual, como os anti-hipertensivos, anti-depressivos, tranquilizantes, inibidores do apetite, anti-diabéticos ou anti-ulcerosos. 

  • A INFLUÊNCIA DA SOCIEDADE E DA FAMÍLIA
Apesar do constante desejo de uma vida sexual activa, são diversos os factores que dificultam esta vivência em indivíduos de mais idade, que passam pela religião, aspectos morais, psicossociais, entre outros. 
De facto, a sociedade tem uma grande influência nos indivíduos, devido aos estereótipos estabelecidos, ideais e preconceitos que se estabelecem. Na sociedade um dos mitos criados sobre os idosos é que estes são seres assexuados, em que a sua principal preocupação deve ser os seus problemas de saúde e limitações. Esquecendo-se que esta é mais uma fase da vida, devendo ser vivida como um processo normal. 
A família é outro factor significativo na construção dos indivíduos, sendo um apoio importante no seu desenvolvimento, apesar de por vezes, poder ser tido como um obstáculo no relacionamento íntimo.  Pessoas que vivem em constantes repressões pela família e pela própria sociedade tendem a ser pessoas inseguras, quanto às suas decisões e aos seus próprios sentimentos e sexualidade. Por outro lado, existe o facto de não haver espaço suficiente para que haja privacidade. Muitos lares deixaram de ser constituídos apenas pelo casal e os seus filhos, passando a incluir outros familiares como genros/noras e netos. Esta alteração da estrutura familiar pode resultar num confronto entre ideais, culturas e mentalidades típicas de cada geração, o que pode dificultar o relacionamento dos casais que habitam nesse lar ou mesmo nas escolhas pessoais de cada um.

  • O papel da religião na sexualidade
Relacionar sexo e terceira idade, na igreja católica, pode parecer paradoxal. Segundo o pensamento tradicional da Igreja Católica,  a prática sexual é usada exclusivamente para procriação e  o sexo é pecado, quando praticado fora do casamento ou para outros fins que não os reprodutivos. 
Este quadro expressa uma tendência ainda dominante na Igreja Católica, ao enfatizar apenas as dimensões negativas e pecaminosas da sexualidade. É certo que tal processo é alvo de profundas contradições, mas pouco a pouco, novas perspectivas começam a surgir, reflectindo novas práticas. Nem poderia ser de outra forma, diante das profundas transformações que acontecem nesta área, no mundo moderno.
É indispensável que haja uma abertura às transformações da modernidade, e a capacidade para compreender os “sinais do tempo” sem preconceitos ou posições concebidas à priori, nomeadamente em relação à sexualidade na terceira idade. 

  • Viver melhor, vivendo a sexualidade
Um dos factores importantes do envelhecer consiste em chegar a uma idade madura com uma boa qualidade de vida. O amor e a vivência da sexualidade são indiscutivelmente factores que podem influenciar em muito nesta matéria. Desta forma, é necessário que as pessoas, se sintam produtivas, tenham a auto-estima valorizada, façam novos amigos, viagens, passeios, e acima de tudo que amem e sejam amadas.
Vários elementos são apontados como determinantes ou indicadores de bem-estar, tais como a longevidade, a saúde (física e mental), a continuidade de papéis familiares e ocupacionais, e a continuidade de relações formais e informais em grupos nomeadamente a rede de amigos. Se, além destes elementos, a maturidade trouxer amor, sexo, cumplicidade e companheirismo, pode-se esperar uma boa vida afectiva.
Felizmente muitas são as personalidades, representantes de diversos segmentos da nossa sociedade, com mais de sessenta anos, que têm contribuído para destruir certos estereótipos por demonstrarem inteligência, vitalidade, boa forma, entre outras características.
O gostar de si próprio é um bom ponto de partida para conseguir resolver de forma positiva a questão da sexualidade. O bom humor e o positivismo, aliados aos cuidados com a saúde, com o corpo e com a mente, fazem com que a idade avançada não atrapalhe, sendo pelo contrário uma fase, na qual a sabedoria e a tranquilidade nas relações sociais podem trazer o prazer de viver a maturidade.
Os momentos íntimos devem ser de prazer e relaxamento, não uma disputa. Por isso, o carinho e a compreensão por parte do companheiro, aliados a uma compreensão das limitações físicas, podem ser pontos importantes a ajustar no casal.


 

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O ENVELHECIMENTO ACTIVO

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Foi sobretudo a partir da segunda metade do século XX que emergiu um novo fenómeno nas sociedades desenvolvidas − o envelhecimento demográfico, ou seja, o aumento significativo do número de pessoas idosas. Com isto, surgiu a necessidade, a nível internacional, de caracterizar o fenómeno, de repensar o papel e o valor da pessoa idosa, os seus direitos e as responsabilidades do Estado e da sociedade para com este grupo específico da população.
Como disse Kofi Anam (2002): “A expansão do envelhecer não é um problema. É sim uma das maiores conquistas da humanidade. O que é necessário é traçarem-se políticas ajustadas para envelhecer são, autónomo, activo e plenamente integrado. A não se fazerem reformas radicais, teremos em mãos uma bomba relógio a explodir em qualquer altura”.


Individualmente, o envelhecimento activo pode ser entendido como o conjunto de atitudes e acções que podemos ter no sentido de prevenir ou adiar as dificuldades associadas ao envelhecimento.
As alterações físicas e intelectuais que ocorrem com o envelhecimento variam de pessoa para pessoa e dependem das características genéticas e hábitos tidos durante a vida. É sempre oportuno salientar a alimentação saudável, a prática adequada de desporto, uma boa hidratação, repouso e exposição moderada ao sol, não esquecendo as consultas de seguimento do médico assistente. O bem-estar psíquico e intelectual (memória, raciocínio, boa disposição) − fundamentais no envelhecimento activo e saudável − também de protegem e promovem com cuidados permanentes: leitura regular, participação activa na discussão dos assuntos do quotidiano, realização de jogos que estimulam raciocínio, manutenção de actividades dentro e fora de casa (passeios, visitas, voluntariado…), participação em tarefas de grupo ou eventos de associativismo, entre outros.
Mas o investimento individual da pessoa idosa (e respectivas famílias), carece obviamente de políticas e infrastruturas comunitárias. O PNSPI (Programa Nacional de Saúde para as Pessoas Idosas) prevê o envolvimento dos serviços de saúde mas dá especial ênfase ao estabelecimento de parcerias e o bom aproveitamento dos todos recursos comunitários existentes e concorrentes para os objectivos do programa: autarquias, instituições de acção social, estabelecimentos de ensino, entidades privadas, etc.
Em vários países da Europa (Espanha, Holanda, Reino Unido, Suécia, entre outros) estas orientações têm sido implementadas, com particular relevo de programas de natureza inter-geracional. Também em Portugal é defendida a importância destas iniciativas, sendo que as escolas têm um papel importante a este nível. Há investigadores nacionais que defendem até a necessidade de “educar para a velhice” desde as idades mais precoces.
Com efeito, na abordagem da terceira idade, o encontro e convivência das várias gerações através de eventos comemorativos de datas especiais, envolvimento no processo de pesquisa sobre as tradições, costumes, depoimentos de memórias, transmissão de conhecimentos práticos (gastronomia, artesanato, profissões em vias de extinção, saberes agrícolas…).
Acima de tudo, há que assumir e transmitir que a pessoa idosa têm uma vida de trabalho, experiência e sabedoria, que não pode ser negligenciado e desperdiçado, em benefício da própria sociedade. Por outro lado, educam-se os mais jovens para os afectos e valores de respeito, dignidade, solidariedade e responsabilidade para com os mais vulneráveis. Um dia, também eles serão pessoas idosas − necessariamente diferentes! − mas sempre iguais no valor de pessoa humana.