segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O ENVELHECIMENTO ACTIVO

-->
Foi sobretudo a partir da segunda metade do século XX que emergiu um novo fenómeno nas sociedades desenvolvidas − o envelhecimento demográfico, ou seja, o aumento significativo do número de pessoas idosas. Com isto, surgiu a necessidade, a nível internacional, de caracterizar o fenómeno, de repensar o papel e o valor da pessoa idosa, os seus direitos e as responsabilidades do Estado e da sociedade para com este grupo específico da população.
Como disse Kofi Anam (2002): “A expansão do envelhecer não é um problema. É sim uma das maiores conquistas da humanidade. O que é necessário é traçarem-se políticas ajustadas para envelhecer são, autónomo, activo e plenamente integrado. A não se fazerem reformas radicais, teremos em mãos uma bomba relógio a explodir em qualquer altura”.


Individualmente, o envelhecimento activo pode ser entendido como o conjunto de atitudes e acções que podemos ter no sentido de prevenir ou adiar as dificuldades associadas ao envelhecimento.
As alterações físicas e intelectuais que ocorrem com o envelhecimento variam de pessoa para pessoa e dependem das características genéticas e hábitos tidos durante a vida. É sempre oportuno salientar a alimentação saudável, a prática adequada de desporto, uma boa hidratação, repouso e exposição moderada ao sol, não esquecendo as consultas de seguimento do médico assistente. O bem-estar psíquico e intelectual (memória, raciocínio, boa disposição) − fundamentais no envelhecimento activo e saudável − também de protegem e promovem com cuidados permanentes: leitura regular, participação activa na discussão dos assuntos do quotidiano, realização de jogos que estimulam raciocínio, manutenção de actividades dentro e fora de casa (passeios, visitas, voluntariado…), participação em tarefas de grupo ou eventos de associativismo, entre outros.
Mas o investimento individual da pessoa idosa (e respectivas famílias), carece obviamente de políticas e infrastruturas comunitárias. O PNSPI (Programa Nacional de Saúde para as Pessoas Idosas) prevê o envolvimento dos serviços de saúde mas dá especial ênfase ao estabelecimento de parcerias e o bom aproveitamento dos todos recursos comunitários existentes e concorrentes para os objectivos do programa: autarquias, instituições de acção social, estabelecimentos de ensino, entidades privadas, etc.
Em vários países da Europa (Espanha, Holanda, Reino Unido, Suécia, entre outros) estas orientações têm sido implementadas, com particular relevo de programas de natureza inter-geracional. Também em Portugal é defendida a importância destas iniciativas, sendo que as escolas têm um papel importante a este nível. Há investigadores nacionais que defendem até a necessidade de “educar para a velhice” desde as idades mais precoces.
Com efeito, na abordagem da terceira idade, o encontro e convivência das várias gerações através de eventos comemorativos de datas especiais, envolvimento no processo de pesquisa sobre as tradições, costumes, depoimentos de memórias, transmissão de conhecimentos práticos (gastronomia, artesanato, profissões em vias de extinção, saberes agrícolas…).
Acima de tudo, há que assumir e transmitir que a pessoa idosa têm uma vida de trabalho, experiência e sabedoria, que não pode ser negligenciado e desperdiçado, em benefício da própria sociedade. Por outro lado, educam-se os mais jovens para os afectos e valores de respeito, dignidade, solidariedade e responsabilidade para com os mais vulneráveis. Um dia, também eles serão pessoas idosas − necessariamente diferentes! − mas sempre iguais no valor de pessoa humana.

Sem comentários: